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Previsão de “Doutor Apocalipse” CHOCA quem espera uma economia melhor

Nouriel Roubini, economista que ganhou notoriedade após prever a crise financeira de 2008 e que é amplamente conhecido como “Doutor Apocalipse”, voltou a emitir um alerta sombrio sobre o futuro da economia global.

Durante sua palestra no projeto Fronteiras do Pensamento, realizada na última segunda-feira (6), Roubini apontou uma série de novas “mega-ameaças” que, segundo ele, têm o potencial de deteriorar ainda mais o cenário econômico e político mundial. As declarações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo.

As previsões do "Doutor Apocalipse" para a economia não são das melhores, mas é bom que você saiba disso o quanto antes.
As previsões do “Doutor Apocalipse” para a economia não são das melhores, mas é bom que você saiba disso o quanto antes – bolsadafamilia.com.br/edição/CanvaPro.

De “Estagnação Secular” para “Estagflação”: um novo perigo

Roubini destacou que a economia global está em transição de um período de “estagnação secular” — caracterizado por um crescimento econômico persistentemente baixo — para uma era de “estagflação”.

A estagflação combina baixo crescimento econômico com alta inflação, criando um cenário econômico desafiador. Ele argumenta que essa transição se tornou mais evidente no período pós-Covid-19, marcado por um aumento expressivo nos déficits orçamentários e nas dívidas públicas, além de uma elevação nos preços das commodities.

Esse ambiente econômico, de acordo com Roubini, é exacerbado pela diminuição dos investimentos em off-shore, que são recursos aplicados fora dos países de origem, e por um movimento crescente entre as nações em direção à “desdolarização”.

A desdolarização refere-se ao esforço de alguns países em reduzir sua dependência do dólar americano, o que pode trazer implicações significativas para a economia global.

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A era da hiper-incerteza: mais do que uma crise econômica

Além dos desafios econômicos, Roubini alertou para o que ele chamou de “era da hiper-incerteza”. Ele afirmou que, além dos riscos econômicos e financeiros, o mundo enfrenta ameaças sociais, políticas, geopolíticas, ambientais e tecnológicas.

Essas ameaças, quando combinadas, criam um cenário de incerteza global que pode se tornar cada vez mais difícil de prever e gerenciar.

Um dos principais fatores de risco citados pelo economista é o aumento das tensões geopolíticas, particularmente a crescente rivalidade entre os Estados Unidos e países como China e Rússia.

Ele sugeriu que esses conflitos, sejam eles armados ou indiretos, podem levar a uma fragmentação do mercado global, promovendo um aumento do protecionismo econômico. Esse protecionismo, por sua vez, pode incentivar o surgimento de governos autoritários em várias partes do mundo, tanto de esquerda quanto de direita.

A “bomba-relógio demográfica” e as implicações sociais

Outro ponto de preocupação destacado por Roubini é o que ele chamou de “bomba-relógio demográfica” que ameaça países desenvolvidos como os Estados Unidos e as nações da Europa.

Historicamente, o envelhecimento da população nesses países foi compensado pela chegada de imigrantes jovens, que forneciam a mão de obra necessária para sustentar o crescimento econômico. No entanto, as políticas anti-imigração adotadas por muitos desses países têm dificultado esse fluxo de trabalhadores.

Combinado ao impacto do aquecimento global, que pode agravar os movimentos migratórios e intensificar conflitos internos, essa dinâmica demográfica representa um desafio significativo.

Roubini enfatizou que as mudanças climáticas não só exacerbarão os problemas econômicos e sociais, mas também poderão desencadear novos e mais letais desastres, incluindo pandemias.

O papel da inteligência artificial e da tecnologia: solução ou ameaça?

Roubini também falou sobre o impacto potencial da Inteligência Artificial (IA) e de outras tecnologias emergentes no futuro da humanidade.

Ele observou que a tecnologia pode ter um papel ambivalente: por um lado, pode agravar as crises ao eliminar milhões de empregos, enquanto, por outro lado, pode oferecer soluções inovadoras para muitos dos problemas globais.

Ele destacou os avanços na robótica, nas ciências da saúde e na agricultura como possíveis caminhos para mitigar as ameaças que o mundo enfrenta.

No entanto, Roubini deixou claro que a sobrevivência da humanidade diante dessas “mega-ameaças” dependerá da capacidade de gerenciar os desafios tecnológicos e de usar essas inovações para o bem comum.

Roubini finalizou sua palestra com uma reflexão sobre o futuro. Ele questionou se a humanidade será capaz de sobreviver a essas múltiplas ameaças até que as tecnologias emergentes possam nos levar a um cenário mais positivo.

Seu discurso serve como um lembrete sombrio dos riscos complexos e interconectados que o mundo enfrenta, sugerindo que, sem uma ação coordenada e eficaz, o futuro da economia global pode estar em grave perigo.

As observações de Roubini ressoam em um momento em que a incerteza econômica e política está em alta em todo o mundo. Sua análise sugere que o caminho à frente não será fácil e que governos, empresas e indivíduos precisarão se preparar para um período de desafios sem precedentes.

Wilson Spiler

Redator do portal Bolsa Família. Jornalista, pós-graduado em Marketing Digital e graduação em Designer Gráfico. Atuou em grandes veículos nas mais variadas funções, como Globo, SRzd, Ultraverso, entre outros.

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