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Antecipação do benefício do INSS é suspensa após denúncias contra banco; entenda

A antecipação do benefício era um novo artifício do INSS para beneficiar segurados, mas, após uma série de denúncias, a instituição interrompeu a ferramenta.

O programa Meu INSS Vale+ surgiu como uma proposta do Instituto Nacional do Seguro Social para facilitar a vida dos aposentados e pensionistas, oferecendo a possibilidade de antecipação de parte do benefício mensal, caso o segurado precisasse utilizá-lo antes.

Com ele, os segurados podiam solicitar até 450 reais do valor que receberiam no mês seguinte, utilizando um cartão específico que operava na função crédito. A iniciativa, lançada como um avanço na digitalização dos serviços previdenciários, visava proporcionar mais flexibilidade financeira ao público.

Embora a proposta inicial prometesse benefícios sem custos adicionais aos segurados, o funcionamento prático da medida gerou controvérsias e denúncias. Por isso, entender as origens, a dinâmica e os desdobramentos dessa iniciativa é essencial para avaliar seu impacto e suas consequências.

A antecipação do benefício pode acabar para milhares de segurados do INSS.
A antecipação do benefício pode acabar para milhares de segurados do INSS. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / bolsadafamilia.com.br

Como a antecipação do benefício funcionava?

O programa Meu INSS Vale+ permitia que o segurado solicitasse a antecipação de até 450 reais do benefício mensal, valor que seria descontado na folha de pagamento do mês seguinte. Era como um microempréstimo consignado, para resumir.

Para isso, o beneficiário precisava aderir a um cartão específico, desenvolvido em parceria com o banco digital PicPay, que oferecia a funcionalidade de crédito pré-pago. O objetivo era facilitar o acesso a recursos financeiros emergenciais sem recorrer a empréstimos convencionais, reduzindo riscos.

Após a adesão ao serviço, os segurados podiam escolher entre duas modalidades para receber o valor antecipado: por meio de crédito no próprio cartão físico ou através de transferência direta para uma conta bancária, conforme a vontade do segurado.

No entanto, essa segunda opção envolvia a cobrança de taxas, o que contradizia o modelo gratuito previsto nas diretrizes do programa. Apesar das promessas de gratuidade e simplicidade, muitos usuários se depararam com tarifas inesperadas, especialmente ao optar pelo depósito em conta corrente.

Segundo denúncias encaminhadas ao Congresso Nacional, o PicPay cobrava valores fixos que variavam de acordo com a quantia antecipada. Quem escolhia transferir 50 reais para a conta corrente, por exemplo, pagava uma taxa de 4,99 reais.

Já quem optava por 200 reais era tarifado em 11,99 reais, e para o valor máximo de 450 reais, o desconto subia para 20,99 reais. Esses encargos, não previstos nas normas originais do programa, passaram a pesar no orçamento dos beneficiários, comprometendo o propósito inicial da antecipação do benefício.

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Antecipação do benefício é suspensa após denúncias ao PicPay

Com base em diversas denúncias apresentadas por segurados e evidências documentadas, o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, decidiu suspender o programa Meu INSS Vale+ de forma imediata. A decisão veio após a constatação de que o banco digital PicPay descumpriu cláusulas contratuais.

Ao divulgar o despacho, Waller destacou que a prática poderia causar prejuízos irreparáveis aos beneficiários, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade econômica. Afinal, a solicitação da antecipação já mostra que eles necessitam de quantias, mesmo que penas.

As denúncias incluíam capturas de tela do próprio aplicativo do PicPay, que comprovavam a cobrança das tarifas. Os documentos já circulavam no Congresso Nacional e evidenciavam que o banco oferecia a antecipação tanto para uso direto no cartão quanto para saque em conta, com cobranças adicionais.

Diante das irregularidades, o INSS também notificou oficialmente o PicPay, exigindo a apresentação de documentos que comprovem o cumprimento das regras. A instituição financeira deverá comprovar que atuou conforme os termos contratuais, sendo-lhe garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório.

No entanto, o despacho deixa claro que o INSS proibirá qualquer repasse administrativo ao banco enquanto não houver a devida comprovação do cumprimento integral das normas. A medida visa proteger os segurados e resgatar a credibilidade do serviço público previdenciário.

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O que deve ser feito agora?

Diante da suspensão do programa Meu INSS Vale+, o primeiro passo necessário é assegurar o reembolso imediato das taxas cobradas indevidamente aos segurados. Para isso, o INSS precisa criar um canal de atendimento específico, que permita aos beneficiários registrar suas queixas de forma simples e rápida.

Além disso, o órgão deve estabelecer prazos claros para o ressarcimento, a fim de evitar novos desgastes e garantir que os prejudicados tenham seu direito respeitado sem burocracia. Paralelamente, o governo deve revisar todos os contratos firmados com instituições financeiras.

Esse processo exige uma auditoria minuciosa, focada em identificar cláusulas abusivas, lacunas jurídicas e falhas na fiscalização. Dessa forma, será possível prevenir novos casos semelhantes e restabelecer o controle sobre os serviços prestados a aposentados e pensionistas.

Por fim, é urgente desenvolver novas soluções digitais com mais transparência, acessibilidade e segurança jurídica. Programas futuros de antecipação do benefício precisam garantir que todos os custos estejam claros desde o início, sem surpresas para o usuário.

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