Alunos não conseguem entrar no Pé-de-Meia Licenciaturas devido à rigidez das regras; entenda!
O Pé-de-Meia Licenciaturas ficou com com quase metade das vagas sem preencher devido à dificuldade dos alunos de entrarem no programa.
O Pé-de-Meia Licenciaturas integra o programa Mais Professores, criado pelo governo federal para estimular a formação de docentes qualificados e aumentar a atratividade da carreira. Lançado em janeiro, o programa oferece apoio financeiro a estudantes que ingressam em cursos presenciais de licenciatura.
A proposta visa enfrentar o déficit de professores no país, especialmente nas redes públicas, ao associar formação acadêmica com incentivo econômico. Embora a iniciativa represente um avanço em políticas educacionais voltadas à valorização docente, os primeiros meses de execução revelaram obstáculos.
Dificuldades de acesso, critérios restritivos e limitações estruturais dificultam a adesão em larga escala, o que exige revisão urgente das regras e expansão da cobertura. A seguir, entenda os principais pontos que explicam o desempenho abaixo do esperado do programa e o que esperar da sua segunda fase.

Neste artigo, você vai ver:
Quase metade das vagas do Pé-de-Meia Licenciaturas sobrou
O Ministério da Educação (MEC) previa conceder 12 mil bolsas na primeira fase do Pé-de-Meia Licenciaturas, mas conseguiu preencher pouco mais da metade. Segundo levantamento recente, apenas 6.532 estudantes foram contemplados, o que representa uma taxa de adesão de 54%.
Esse índice revela um descompasso entre a expectativa do governo e a realidade enfrentada pelos estudantes interessados em seguir a carreira docente. Mesmo com a oferta de uma bolsa mensal atrativa, o programa não conseguiu atingir sua meta inicial, o que acendeu o alerta entre especialistas.
A baixa adesão indica a necessidade de ajustes urgentes na concepção e execução do projeto, principalmente quanto aos critérios de elegibilidade. O desempenho aquém do esperado pode ser explicado por múltiplos fatores, entre eles a exigência de pontuação mínima de 650 no Enem.
Embora a proposta tenha como objetivo premiar estudantes com bom desempenho, esse patamar está acima do que é geralmente exigido para ingresso nos cursos de licenciatura. Assim, muitos alunos interessados acabam desclassificados logo no início, o que reduz significativamente o público.
Além disso, o foco exclusivo em estudantes que ingressaram por Sisu, Prouni ou Fies exclui automaticamente alunos de instituições estaduais que também utilizam o Enem, como USP, Unesp e Unicamp, que formam grande parte dos professores do país.
Outro problema está na exclusão dos alunos da modalidade de ensino a distância, que representam cerca de 77% dos matriculados em cursos de licenciatura, segundo o último Censo da Educação Superior. Ao deixar de fora esse grupo majoritário, o programa limita seu alcance e compromete sua eficácia.
Especialistas apontam que, para alcançar seu real potencial, o Pé-de-Meia Licenciaturas precisa se adaptar à realidade do ensino superior brasileiro, incluindo diferentes modelos de ingresso e modalidades de ensino. Assim, o impacto poderá ser ampliado, e a política cumprirá sua função estratégica.
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Por que os estudantes não conseguem acessar o programa?
A principal barreira enfrentada pelos estudantes interessados no Pé-de-Meia Licenciaturas é o critério de desempenho exigido. A nota mínima de 650 pontos no Enem, embora bem-intencionada, funciona como um filtro que impede a entrada de uma ampla parcela de candidatos.
Como a maioria dos cursos de licenciatura exige notas mais baixas, essa regra acaba selecionando apenas um perfil muito restrito de alunos, o que compromete a equidade do acesso. Além disso, especialistas defendem que a qualidade do aluno não pode ser definida pela nota de entrada, mas pelo desempenho.
Outro fator limitante diz respeito à exigência de que o estudante tenha ingressado exclusivamente por meio de programas federais como Sisu, Prouni ou Fies Social. Embora essas iniciativas sejam relevantes, muitas universidades estaduais formam grande parte dos professores do país.
Essa restrição exclui, por exemplo, alunos de cursos de licenciatura em instituições como USP, Unesp e Unicamp, mesmo que tenham atingido a nota mínima no Enem. Com isso, o programa negligencia um importante contingente de futuros docentes, o que prejudica sua eficácia em ampliar os profissionais.
Além disso, a exclusão de alunos de cursos a distância cria uma contradição com a realidade do ensino superior brasileiro. A maioria dos matriculados em licenciaturas opta por essa modalidade devido à flexibilidade de horários e ao custo mais baixo, especialmente nas regiões mais carentes.
Ao ignorar esse segmento, o programa desconsidera um caminho legítimo e crescente na formação docente. Para especialistas, a ampliação do escopo do Pé-de-Meia Licenciaturas é essencial para alcançar os objetivos do programa, garantindo inclusão e diversidade entre os futuros professores.
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Entendendo a estrutura do programa
O Pé-de-Meia Licenciaturas oferece uma bolsa mensal no valor de R$ 1.050, dividida em duas parcelas distintas. O estudante tem acesso direto a R$ 700 todos os meses, valor destinado a cobrir despesas imediatas relacionadas aos estudos.
Os R$ 350 restantes são depositados em uma espécie de poupança, com saque autorizado apenas após a conclusão do curso e início da atuação na rede pública de ensino. Essa estrutura foi desenhada para garantir que o apoio financeiro se converta em permanência no curso.
A proposta de dividir o benefício tem dois objetivos principais. O primeiro é oferecer alívio financeiro imediato para estudantes de baixa renda que enfrentam dificuldades para se manter nos cursos superiores.
O segundo é garantir uma compensação futura para aqueles que, de fato, assumirem o compromisso com a profissão e atuarem como professores na educação pública. Dessa forma, o programa procura alinhar investimento público com retorno social, incentivando a conclusão do curso.
Segunda fase do Pé-de-Meia Licenciaturas está aberta
A segunda fase do Pé-de-Meia Licenciaturas já está em andamento, com inscrições abertas desde 7 de abril. Nessa nova etapa, estudantes interessados devem realizar o cadastro do currículo e a pré-inscrição diretamente pela Plataforma Freire.
O programa continua com os mesmos critérios da primeira fase, exigindo nota igual ou superior a 650 pontos no Enem e ingresso em licenciaturas via Sisu, Prouni ou Fies Social. A novidade está na possibilidade de pagamento retroativo para os que iniciarem o curso no segundo semestre de 2025.
O Ministério da Educação espera que, com essa segunda chamada, mais estudantes se interessem pelo programa. Para isso, divulgou que o número de matriculados com nota superior a 650 aumentou para pouco mais de 9 mil, o que representa crescimento de 60% em relação ao ano anterior.
Ainda assim, esse total cobre apenas 75% das bolsas inicialmente oferecidas, o que reforça a importância de ajustes nos critérios de elegibilidade para ampliar o acesso e a diversidade dos participantes. Com a possibilidade de recebimento retroativo e maior tempo para inscrição, espera-se recuperar a adesão.
O MEC destaca que o programa continua em vigor, com previsão de expansão, desde que os entraves identificados sejam corrigidos. A expectativa é que, com os ajustes necessários, o Pé-de-Meia Licenciaturas se torne um instrumento efetivo de incentivo à formação de professores.
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