Apenas METADE das vagas do Pé-de-Meia Licenciaturas foram preenchidas: saiba como se inscrever
O Pé-de-Meia Licenciaturas fez sua estreia neste ano, mas o programa não foi completamente preenchido: há milhares de vagas remanescentes.
O Pé-de-Meia Licenciaturas é um programa criado pelo Ministério da Educação com o objetivo de incentivar jovens a ingressarem na carreira docente. Direcionado especialmente a estudantes com bom desempenho escolar, o programa visa fortalecer a formação de professores.
Isso ocorre por meio da oferta de bolsas financeiras para quem decide cursar licenciaturas em instituições de ensino superior. Com uma proposta ambiciosa, o governo espera não apenas ampliar o número de profissionais qualificados para a educação básica, mas também tornar a docência mais atrativa.
No entanto, apesar da importância da iniciativa, o programa ainda enfrenta dificuldades para alcançar seu público-alvo e cumprir plenamente sua função de valorização da carreira de professor. Para se ter ideia, metade das vagas continuam disponíveis.

Neste artigo, você vai ver:
Apenas metade das vagas do Pé-de-Meia Licenciaturas foram preenchidas
O lançamento do Pé-de-Meia Licenciaturas gerou expectativas positivas, mas os números revelam um cenário bem diferente do planejado. Das 12 mil bolsas disponibilizadas pelo Ministério da Educação em 2025, apenas 6.532 foram efetivamente preenchidas por estudantes que atenderam aos critérios exigidos.
Essa baixa adesão chamou a atenção de especialistas, que passaram a analisar as falhas no desenho e na aplicação do programa. Esse resultado parcial reflete um descompasso entre o público-alvo e as exigências impostas pelo programa.
A expectativa inicial era de que a proposta fosse atrativa o suficiente para ocupar a totalidade das vagas, porém a realidade mostrou que metade delas permaneceu sem candidatos aptos. Mesmo com a oferta de auxílio financeiro, o número de interessados que realmente atendia aos critérios foi baixo.
Esse cenário se torna ainda mais preocupante ao considerar que o país enfrenta um déficit crescente de professores, especialmente nas áreas da educação básica. A baixa procura pelo programa evidencia a necessidade urgente de ajustes, já que a formação de docentes qualificados se tornou um desafio.
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Qual o motivo da baixa adesão ao programa?
A principal explicação para a baixa adesão está nas regras rígidas de seleção impostas pelo próprio programa. Para receber a bolsa, o estudante precisa ter obtido no mínimo 650 pontos no Enem, estar matriculado em um curso presencial de licenciatura e ter ingressado por meio do Sisu, Prouni ou Fies.
Esses critérios acabam excluindo uma parcela significativa dos estudantes interessados, especialmente os que estudam a distância ou ingressaram por vestibulares independentes. Segundo dados do Censo da Educação Superior, cerca de 77% dos alunos de licenciatura estudam em cursos a distância.
Portanto, ao limitar a participação apenas aos cursos presenciais, o programa automaticamente inviabiliza a participação da maioria dos estudantes dessa área. Além disso, universidades estaduais renomadas como USP, Unicamp e Unesp não utilizam o Sisu para seleção, mesmo adotando a nota do Enem.
Outro ponto criticado é o uso da nota do Enem como critério determinante. Especialistas defendem que a qualidade do futuro professor se desenvolve ao longo da graduação e não se define apenas por uma nota de ingresso.
A exigência de uma pontuação elevada acaba afastando jovens com potencial, mas que não atingiram esse recorte inicial. A combinação de todos esses fatores demonstra como o programa ainda está desalinhado com a realidade do perfil dos estudantes de licenciatura no Brasil.
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Como os valores do Pé-de-Meia Licenciaturas funcionam?
O valor oferecido pelo programa também gerou críticas quanto à sua efetividade em atrair jovens para a docência. O auxílio mensal totaliza R$ 1.050, sendo dividido em duas partes: R$ 700 ficam disponíveis para uso imediato e R$ 350 são depositados em uma espécie de poupança.
Por sua vez, ela é resgatável apenas ao final do curso, caso o estudante atue como professor na rede pública. Na visão de especialistas, o valor pago ainda não é suficiente para concorrer com outras áreas mais valorizadas e de maior retorno financeiro no mercado de trabalho.
Como o curso de licenciatura costuma durar entre quatro e cinco anos, a quantia acumulada na poupança pode até representar um bom montante ao final da formação, mas a restrição do saque imediato compromete a atratividade do programa para estudantes de baixa renda.
Além disso, o benefício não cobre outros custos significativos da vida universitária, como transporte, alimentação e material didático. Diante dessas limitações, o Pé-de-Meia Licenciaturas acaba sendo visto como um programa de auxílio complementar, e não como uma estratégia forte de valorização.
Como participar do programa?
Apesar dos obstáculos, o programa segue aberto a novos interessados. Para participar, o estudante deve ter obtido pelo menos 650 pontos no Enem, estar regularmente matriculado em um curso de licenciatura presencial e ter ingressado via Sisu, Prouni ou Fies.
O processo de inscrição acontece por meio das plataformas oficiais do Ministério da Educação, a Plataforma Freire, e inclui prazos definidos em chamadas públicas ao longo do ano. De acordo com o MEC, a segunda chamada de inscrições segue aberta até o dia 18 de dezembro.
Esse novo prazo visa possibilitar que alunos que ingressem no segundo semestre também possam participar. A pasta afirma que houve um aumento expressivo de estudantes com nota acima de 650 matriculados em licenciaturas presenciais, sinalizando uma possível melhora na adesão ao programa.
Ainda assim, para ampliar a eficácia da proposta, será necessário revisar critérios de elegibilidade, incluindo alunos de EAD e de instituições que não utilizam o Sisu. Só com ajustes estruturais o Pé-de-Meia Licenciaturas poderá cumprir seu papel de formar mais professores qualificados.