Bolsa Família: dá para manter uma casa com R$ 600 e seus adicionais? Descubra o “truque”
Basta uma simples busca pelas redes sociais sobre o tema Bolsa Família, para ver que talvez a crítica mais comum ao programa seja relacionada a uma suposta “zona de conforto”. Muitas pessoas acreditam que oferecer benefícios sociais é apenas uma forma de assistencialismo que acomoda o beneficiário.
Em outras palavras, seria como se a pessoa beneficiada pelo Estado ficasse desestimulada ao trabalho por conta da ajuda financeira que recebe. No caso do Bolsa Família, estamos falando de uma renda variável próxima aos R$ 650,00 mensais.
Inclusive, nossa calculadora do Bolsa Família pode ajudá-lo a entender melhor a conta sobre a renda do programa. No entanto, existem mais benefícios que essa mesma família pode receber, o que, supostamente, faria com que o responsável por ela não precisasse de fontes secundárias de renda para se manter.
Será que isso é verdade ou não passa de um mito? Vamos entender melhor o assunto a partir de agora.
![Será que é verdade que dá para viver 100% de benefícios do governo, especialmente o Bolsa Família ou isso é apenas mito? Descubra o cálculo.](https://bolsadafamilia.com.br/wp-content/uploads/2024/04/Pronatec-23-N-13-1-1024x683.jpg)
Receber Bolsa Família é suficiente para manter as despesas do mês?
O debate sobre a suficiência do Bolsa Família para sustentar uma família de 3 ou 4 pessoas (padrão no Brasil) é recorrente e complexo. Enquanto o governo defende o programa como um importante instrumento de combate à pobreza e à desigualdade social, parte da população questiona se o valor atual, de R$ 600,00, é suficiente para atender às necessidades básicas de alimentação, moradia, saúde, educação e lazer.
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dá um norte para nosso questionamento. Isso por que, segundo levantamento mais recente de janeiro de 2024, o salário mínimo ideal para os brasileiros seria de R$ 6.723,41.
Esse valor seria, segundo o órgão citado, o suficiente para:
- Custos com saúde, incluindo remédio;
- Cesta básica mensal da família;
- Custo com transporte;
- Compra de material escolar;
- Compra de roupas;
- Cuidados com higiene e saneamento;
- Segurança alimentas;
- Segurança financeira;
- Despesas domésticas, como conta de água, luz e internet;
- Entre outros.
Inclusive, o próprio Dieese mostra que o valor médio da cesta básica entre os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal (DF) supera os R$ 700 em sua maioria. Ou seja, só as despesas com mercado e alimentação básica já seriam maiores do que o valor base do Bolsa Família, igual a R$ 600.00
Em razão disso, com o Bolsa Família, mesmo com a inclusão de benefícios adicionais, como a Tarifa Social de Água e Energia Elétrica, garantir o acesso à alimentação adequada se torna uma luta constante.
É importante ressaltar que a realidade das famílias beneficiárias do Bolsa Família é heterogênea. Existem famílias com diferentes composições, estruturas familiares e necessidades específicas.
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Famílias de 3 Pessoas:
- Com filhos pequenos: A necessidade de itens como fraldas, alimentação infantil e vestuário aumenta consideravelmente os custos.
- Com membros com deficiência: Custos com medicamentos, terapias e equipamentos especiais podem comprometer ainda mais o orçamento familiar.
- Com apenas adultos: A renda proveniente do Bolsa Família pode ser suficiente para suprir as necessidades básicas, desde que haja um planejamento financeiro rigoroso.
Famílias de 4 Pessoas:
- Com filhos em idade escolar: As despesas com material escolar, uniforme e transporte escolar representam um acréscimo significativo no orçamento.
- Com aluguel: O custo com aluguel, especialmente em grandes centros urbanos, pode consumir grande parte da renda familiar.
- Com idosos: Custos com medicamentos, cuidados especiais e acompanhamento médico podem tornar a situação ainda mais desafiadora.
Benefícios adicionais: a luz no fim do túnel? Veja quais são
Os benefícios adicionais oferecidos pelo programa, como o Benefício Primeira Infância para mães solteiras, são importantes para amenizar as dificuldades das famílias. No entanto, esses valores ainda são insuficientes para garantir um padrão de vida digno.
![Afinal, e se o titular do Bolsa Família falecer, quem fica com, o benefício do governo? Entenda quais são as regras neste caso.](https://bolsadafamilia.com.br/wp-content/uploads/2024/04/pronatec-6-A-37-1024x683.jpg)
Ainda assim, podem existir outros adicionais; tais como:
- Benefício de Renda de Cidadania: R$ 142,00 por integrante da família;
- Benefício Complementar: Diferença entre R$ 600,00 e a soma dos benefícios recebidos pela família;
- Benefício Primeira Infância: R$ 150,00 por criança com até 7 anos incompletos;
- Benefício Variável Familiar: R$ 50,00 por:
- Gestantes;
- Nutrizes;
- Crianças entre 7 e 12 anos incompletos;
- Adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos.
- Benefício Extraordinário de Transição: Diferença entre o valor recebido no Auxílio Brasil e o valor recebido no Bolsa Família (temporário).
- Auxílio-Gás Nacional: pago a cada 2 meses, com o valor médio do botijão de 13 kg, que fica em torno dos R$ 100, normalmente.
Isso quer dizer que, em raros casos, o valor máximo do Bolsa Família chegaria um pouco além dos R$ 1.000, em uma família que tenha uma mãe grávida ou puérpera, com mais 2 filhos pequenos.
Acréscimo do BPC ao Bolsa Família
Nesse sentido, há quem argumente que muitas famílias recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), do INSS, o que somaria mais de R$ 1.412,00. Neste caso, a família deve ter mais um integrante com algum tipo de deficiência ou idade avançada, o que gera ainda mais gastos mensais.
Mas sim, é verdade que muitos recorrem a serviços extras. Para além do Bolsa Família, muitas famílias em situação de vulnerabilidade buscam alternativas para complementar a renda, como bicos, trabalhos informais ou até mesmo a mendicância. A criatividade e a força de vontade se tornam ferramentas essenciais para a sobrevivência.
Ainda assim, existem regras para permanecer no programa; entenda:
O programa Bolsa Família abre suas portas para famílias em situação de vulnerabilidade social, oferecendo um auxílio financeiro essencial. Para participar, a principal regra gira em torno da renda mensal por pessoa (per capita), que deve ser igual ou inferior a R$ 218,00 para se enquadrar na situação de pobreza.
Abrangência e flexibilidade:
- Mesmo com carteira assinada, MEI ou outras rendas, você ainda pode ser elegível ao programa, desde que a renda familiar se mantenha dentro dos critérios.
- A inscrição no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal) é o primeiro passo para iniciar a jornada. Através de um sistema informatizado, todas as regras do programa serão cuidadosamente analisadas.
- É importante lembrar que a entrada no Bolsa Família não é automática. O Governo Federal avalia o limite orçamentário do programa para garantir a sustentabilidade e o alcance a todos que realmente precisam.
Resumo dos requisitos:
- Estar inscrito no CadÚnico;
- Ter renda familiar per capita mensal igual ou inferior a R$ 218,00.
Afinal, é mito ou verdade que dá para viver apenas com o Bolsa Família?
O combate à pobreza e à desigualdade social exige um conjunto de políticas públicas abrangentes e eficazes. Além do Bolsa Família, é necessário investir em educação de qualidade, saúde acessível, geração de emprego e renda, e programas de habitação populares.
A discussão sobre a suficiência do Bolsa Família é crucial para que possamos construir um Brasil mais justo e igualitário. É fundamental analisar a realidade complexa das famílias em situação de vulnerabilidade e buscar soluções que atendam às suas necessidades básicas e promovam a sua inclusão social.
No entanto, é possível afirmar que a premissa inicial não passa de um mito, já que mesmo com o máximo de benefícios possível, a família ainda enfrentaria severas restrições à sobrevivência saudável no Brasil.
Por fim, como visto, realmente não existe nenhum “truque” e por isso a palavra foi colocada entre aspas.