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Qualquer pessoa pode receber o BPC? Conheça as regras

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) enfrenta desafios com o aumento de beneficiários e custos. Entenda as mudanças propostas para melhorar o programa e reduzir inconsistências.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um auxílio oferecido pelo governo brasileiro para idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Apesar de ser amplamente conhecido, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre quem pode realmente acessar o benefício e quais são as condições exigidas para sua concessão.

Por isso, é essencial compreender as regras do programa e saber se você ou alguém da sua família pode se enquadrar nos critérios estabelecidos.

BPC.
Com mais de 6 milhões de beneficiários, o BPC enfrenta críticas e discussões sobre sua sustentabilidade. Veja o que especialistas propõem para aprimorar o programa. (Foto: Jeane de Oliveira / www.bolsadafamilia.com.br).

Como funciona o BPC?

Voltado para aqueles que enfrentam dificuldades financeiras e não conseguem manter uma renda mínima, o BPC é regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).

Diferente da aposentadoria, ele não exige contribuição prévia ao INSS, mas a elegibilidade depende de comprovação da situação de baixa renda e, no caso de pessoas com deficiência, da realização de uma perícia médica.

Quem tem direito ao BPC?

O BPC destina-se a pessoas que se encontram em situação de baixa renda e que, devido à idade ou condições de saúde, não conseguem prover seu sustento. Para se enquadrar, o beneficiário deve cumprir critérios como:

  • Idade avançada: a partir de 65 anos, sem necessidade de contribuição prévia ao INSS.
  • Deficiência comprovada: física, mental ou intelectual que cause limitações para o trabalho ou participação social.
  • Renda familiar: inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa.

Os critérios são avaliados com base no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e em perícias realizadas pelo INSS. No entanto, falhas na aplicação dos critérios têm levado à inclusão de pessoas fora do perfil inicialmente estabelecido.

Por que o número de beneficiários está aumentando?

Entre 2021 e 2024, o número de beneficiários do BPC cresceu de forma expressiva, passando de 4,71 milhões para 6,3 milhões.

O aumento, equivalente a 33%, não se deve apenas ao crescimento da população de idosos e pessoas com deficiência.

Um dos fatores mais relevantes para esse salto é a atuação do Poder Judiciário, que, ao atender demandas judiciais, tem ampliado o escopo de concessões.

Decisões judiciais frequentemente ignoram os critérios estabelecidos e resultam na inclusão de beneficiários que não atendem aos requisitos.

A prática, embora busque atender casos específicos, sobrecarrega o orçamento público e reduz os recursos disponíveis para quem realmente necessita.

Isso porque o custo das concessões indevidas do BPC chega a aproximadamente R$ 14,5 bilhões anuais. Esse montante poderia ser redirecionado para políticas públicas mais abrangentes e inclusivas.

A falta de uma legislação clara que diferencie deficiência moderada e grave também contribui para o aumento da judicialização.

Propostas para estabelecer critérios mais objetivos foram apresentadas, mas enfrentaram resistência e acabaram sendo rejeitadas, perpetuando incertezas e brechas legais.

Além disso, o aumento no número de beneficiários gera pressão sobre o orçamento destinado ao programa, comprometendo a sustentabilidade a longo prazo.

Possíveis mudanças para aprimorar o programa

Especialistas sugerem algumas alterações para melhorar a eficiência do BPC e garantir que o benefício atenda a quem realmente precisa. As principais propostas incluem:

  • Estabelecimento de critérios claros e objetivos: definir de forma detalhada as condições de deficiência e renda para evitar ambiguidades.
  • Monitoramento contínuo: implementar sistemas que revisem periodicamente a elegibilidade dos beneficiários.
  • Inclusão no mercado de trabalho: investir em programas de qualificação e empregabilidade para pessoas com deficiência e idosos, reduzindo a dependência do benefício.

Apesar dos desafios, o BPC desempenha um papel indispensável no amparo às populações mais vulneráveis. Ele garante dignidade a idosos e pessoas com deficiência, que muitas vezes enfrentam barreiras econômicas e sociais significativas.

Todavia, para manter sua eficiência, é necessário um esforço conjunto entre o governo e a sociedade para corrigir as falhas e preservar os objetivos originais da iniciativa.

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