Reclamações de aposentados indicam que as fraudes do INSS ocorrem desde 2016; confira
As fraudes do INSS ainda estão sob investigação e, quanto mais o tempo passa, mais escândalos são descobertos, como a possibilidade dos descontos ocorrerem há quase 10 anos.
As fraudes do INSS vêm chamando atenção pela complexidade dos esquemas e pelos prejuízos causados a aposentados e pensionistas em todo o país. Trata-se de uma série de irregularidades cometidas por organizações que descontam valores indevidos diretamente dos benefícios pagos pelo INSS.
Essas práticas, muitas vezes disfarçadas de cobranças associativas ou sindicais, afetam principalmente pessoas idosas que não autorizaram qualquer filiação ou pagamento. Elas sofrem, sem saber, com descontos cada vez maiores a cada mês, reduzindo seus pagamentos.
Com o avanço das investigações da Polícia Federal e a intensificação das denúncias, o problema ganhou notoriedade e revelou falhas graves na proteção de dados e no controle de pagamentos do sistema previdenciário brasileiro.

Neste artigo, você vai ver:
Denúncias no ReclameAqui indicam fraudes do INSS desde 2016
Desde 2016, aposentados e pensionistas vêm relatando irregularidades envolvendo descontos não autorizados em seus benefícios, revelando indícios claros de fraudes do INSS muito antes da deflagração de operações policiais.
As primeiras queixas surgiram no site ReclameAqui, onde beneficiários expressavam indignação com cobranças feitas por entidades desconhecidas. Em um desses registros, feito ainda em novembro daquele ano, uma pessoa solicitou a devolução das contribuições e o cancelamento imediato dos débitos.
Com o tempo, especialmente após a Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2025, o número de denúncias aumentou significativamente. Centenas de usuários passaram a relatar situações semelhantes, informando que haviam identificado descontos ilegais em seus contracheques.
Essas novas manifestações indicam que a prática se tornou sistemática, atingindo um número elevado de vítimas, que passaram a buscar explicações e medidas corretivas junto aos órgãos responsáveis. A ação da PF fortaleceu o movimento de denúncia, ampliando a visibilidade do problema.

As reclamações mais recentes mostram que, mesmo após o bloqueio voluntário de descontos por parte dos beneficiários, os valores continuavam sendo retirados mensalmente. Em um dos casos, um aposentado de Nova Iguaçu relatou que seu benefício seguia sendo debitado, apesar do bloqueio.
Outro beneficiário, de São Gonçalo, denunciou descontos indevidos entre abril e dezembro de 2024 e afirmou que, apesar do cancelamento posterior, nunca recebeu os valores de volta. Ele foi orientado a negociar com a entidade envolvida, a Unaspub, mas a devolução nunca ocorreu.
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Perfil no ReclameAqui não é oficial
Mesmo sendo uma das principais plataformas de reclamação do Brasil, o perfil atribuído ao INSS no site ReclameAqui não possui vínculo oficial com o governo federal. Essa ausência de oficialização compromete a comunicação direta entre os beneficiários e o instituto, dificultando as denúncias.
Desde sua criação, nenhuma reclamação foi formalmente respondida, apesar das postagens quase diárias. Essa situação revela uma lacuna grave na transparência e no atendimento ao público, principalmente em um cenário onde as fraudes do INSS se tornam cada vez mais comuns.
Além disso, muitas queixas não se limitam apenas a descontos indevidos, mas envolvem também problemas relacionados a cartões, empréstimos consignados e falhas no atendimento. Essa multiplicidade de reclamações reforça a sensação de abandono dos usuários.
Enquanto isso, golpistas aproveitam esse vácuo de assistência para continuar explorando os dados dos beneficiários. A fragilidade no sistema de controle e resposta contribui diretamente para a permanência dos esquemas fraudulentos.
Com a ausência de um canal oficial de suporte dentro da plataforma, os aposentados e pensionistas acabam desamparados diante da burocracia. A expectativa de que o ReclameAqui funcione como uma ponte entre o usuário e o serviço público se desfaz rapidamente, aumentando a frustração dos cidadãos.
Diante dessa realidade, cresce a importância de iniciativas governamentais voltadas à escuta ativa das vítimas, à restituição dos valores perdidos e à prevenção de novas ocorrências. Enquanto isso não acontece, os relatos se acumulam, revelando o impacto social das fraudes do INSS.
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Como saber se sofro com descontos indevidos?
Para saber se sofre com descontos indevidos, o primeiro passo é acessar o extrato de pagamento do INSS. Esse documento detalha todos os lançamentos realizados no benefício mensal, incluindo os créditos consignados e as contribuições associativas.
A consulta pode ser feita de forma simples pelo site ou aplicativo Meu INSS, disponível para celulares com sistema Android ou iOS. Após o login, o usuário deve buscar pela opção “Extrato de Pagamento de Benefício”, onde poderá visualizar todas as informações financeiras vinculadas ao seu benefício.
Verificar o extrato com regularidade ajuda a identificar rapidamente qualquer irregularidade ou cobrança suspeita. Se o beneficiário notar algum desconto não autorizado, deve registrar a ocorrência imediatamente no próprio site do INSS ou entrar em contato pelo telefone 135.
Além disso, é essencial anotar o nome da entidade que aparece como destinatária dos valores, pois essa informação será necessária para formalizar uma denúncia. Em casos mais graves, o caminho ideal é procurar o Ministério Público ou Defensoria Pública para abrir uma ação de restituição.
Como bloquear os descontos indevidos?
Bloquear os descontos indevidos exige uma ação direta do beneficiário, por meio do Meu INSS. Basta acessar a plataforma, clicar em “Agendamentos e Solicitações”, escolher a opção “Atualização para não ter desconto de mensalidade associativa” e preencher o formulário.
Esse pedido impede que novas cobranças desse tipo ocorram no futuro, protegendo o usuário de práticas fraudulentas. Após o envio, o INSS analisa a solicitação e, se aprovada, o bloqueio passa a valer nas próximas folhas de pagamento.
No entanto, é importante reforçar que o bloqueio não garante automaticamente a devolução de valores já descontados. Para isso, o aposentado ou pensionista deve entrar em contato com a entidade responsável e, se não houver acordo, procurar suporte jurídico.
A Advocacia-Geral da União criou um grupo de trabalho para analisar os pedidos de restituição, mas ainda não há um prazo claro para a resolução dos casos. Portanto, manter o extrato atualizado e agir rapidamente ao menor sinal de irregularidade é a melhor forma de se proteger contra as fraudes.
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